Murray Grey chega ao nosso mercado

De origem australiana e marmoreio diferenciado, raça Murray Grey já conta com cerca de 20 criadores no país


Embalado pelo grande apetite do mercado de carnes nobres, a raça bovina Murray Grey, de origem australiana, começa a ganhar espaço no cenário brasileiro. E a porta de entrada no país foi o município de Palmeiras das Missões, no noroeste gaúcho, há 374 km da capital.


Os responsáveis pela introdução de mais uma opção para a produção de carne no país são os pecuaristas Luiz Carlos Ardenghy Sobrinho (Cabanha Guarita) e Ignacio Silva Tellechea (Cabanha Rincon Del Sarandy).

Tudo começou em 2011, numa das viagens de Ardenghy a Argentina, onde foi participar da Feira Expo Rural, principal vitrine da genética bovina argentina, que acontece em Palermo.

“Quando fui apresentado à raça na Exposição de Palermo, logo me agradei muito. Percebi características bem interessantes que me chamaram atenção, como a pelagem clara e a mucosa escura, biotipos muito interessantes que me fizeram lembrar inicialmente o Charolês. Embora mais tarde descobriria que a origem da raça está relacionada ao cruzamento com angus”, lembra o pecuarista

 

Entusiasmado com a nova raça que acabara de conhecer, o pecuarista foi buscar mais informações sobre as características dos animais, onde descobriu mais sobre a origem da raça e as boas condições de produção no Sul do país.

“Ainda em Palermo fui para o hotel pesquisar a raça e quanto mais informação encontrava mais me interessava. No outro dia fomos a campo conhecer os animais, onde fiquei ainda mais interessado, sobretudo pela docilidade dos animais. E quando voltei para o Brasil já vim com a negociação de três vacas, um touro e mais sêmen encaminhados. Todos P.O (puro de origem)”, revela Ardenghy.

A chega do Murray Grey no RS 

Após o retorno de Palermo, Ardenghy ainda levou aproximadamente um ano e meio para vencer toda burocracia que cerca a importação de animais vivos. O tempo serviu para o pecuarista pesquisar ainda mais sobre a raça.

“O Murray Grey surgiu a partir do cruzamento de um touro Aberdeen Angus com uma vaca White Shorthorn. Os primeiros animais nasceram em 1905, no vale do Rio Murray, na Austrália. A capacidade de produzir carne marmorizada, sem excesso subcutâneo ou intermuscular de gordura, tornou a raça competitiva nos mercados mundiais, propiciando a difusão para a Nova Zelândia, Ásia, Canadá, EUA, Europa e agora Brasil”, explica o criador.

No entanto, para estabelecer a produção de uma raça de forma sustentável em uma nova região são necessários bons parceiros e um pool genético variado. Foi assim que os pecuaristas gaúchos das Cabanhas Guarita e Rincon Del Sarandy se uniram para fixar de vez a presença da raça Murray Grey no território brasileiro.

Com isso, um novo rebanho de Murray Grey começou a se formar no Rio Grande do Sul, a partir do cruzamento com vacas Angus, da Rincon Del Sarandy, utilizando sêmen de touros Murray Grey P.O.

“Preservar a ampliar a qualidade do rebanho é uma característica da Cabanha Rincon do Sarandy, por isso, estamos investindo e confiamos na qualidade da raça Murray Grey. Também estamos confiantes que o mercado receberá muito bem essa carne devido a suas características muito particulares” destaca Ignácio Tellechea. 

Características da carne 

Embora pouco conhecida no mercado interno, a carne de Murray Grey já foi submetida ao crivo do paladar gaúcho. No verão de 2019, foram abatidos os primeiros novilhos da raça Murray Grey para comercialização. A ideia era testar a aceitação do público consumidor de carnes nobres do estado gaúcho. A amostragem foi alocada em uma boutique de carnes do Litoral Norte do Rio Grande do Sul e obteve resultados excelentes, segundo os organizadores.

“Foi uma experiência muito positiva. Onde o público aprovou a textura e a maciez da carne. Além disso, são animais que têm um rendimento de carcaça de aproximadamente 55%, sempre com carcaças bonificadas pelos frigoríficos”, afirma Luiz Carlos Ardenghy.

O pecuarista lembra que a carne do Murray Grey desenvolve a gordura no marmoreio, ao invés de concentrar na área subcutânea. Esta característica garante a boa procedência animal e as chances de seus cortes serem macios, antes mesmo de ocorrer este acúmulo de gordura.

Cruzamento 

O pecuarista Luiz Carlos Ardenghy conta que desde que trouxe os primeiros exemplares P.O de Murray Grey para o Brasil já fez diversas parcerias de cruzamento com cabana de outros estados.

“Fizemos cruzamentos com várias raças, não apenas com o Angus. Mas o cruzamento com Heroford deu uma qualidade de carne muito boa, inclusive ganhando concurso de carcaças na Argentina. E, temos também cruzamentos com o Braford. Outro cruzamento interessante foi com o Senepol apresentado na Exposição de Uberaba do ano passado. E nos estados de Mato Grosso e Rondônia temos cruzamentos com o Nelore, e zebuíno de forma geral, com resultados fantásticos”, finaliza Ardenghy.

Elaine Barcellos de Araújo
Informações para a imprensa

Texto: AgroUrbano Comunicação

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